E fazer com que esses dias se tornem lembranças enuviadas, cada profundeza minha desperdiçada. Eu mergulhava aonde nem sabia que podia, pra te trazer um pedaço de carne fresca. Eu revirava o irrevirável. Vivi em outra dimensão. Pensei que as coisas poderiam ser diferentes. Fui parte da minha sombra. Queria incorporar suas metáforas à vida. Ver o mundo sem contornos, duvidar da realidade para prosseguir. Perder-me em questionamentos, pensar que a tal da consciência, - fosse a minha, a de Deus, a não local que transcendia tempo e espaço - pudesse criar novos delírios. Que eu podia cantar utopias com cores de um arco-íris do fundo do mar. Chorava de emoção quando o universo mandava mensagens. Eram bichos e estrelas, raios de luar e coincidências que não acabavam. Chorava por meu peito querer explodir e eu parecia que sufocava naquela vontade de buscar o vazio que completasse tudo. Não era possível. Eu sempre escorregava para o passado ou o futuro. Buscar o presente era buscar o nada e buscar o nada não criava sentido. Eu buscava sentidos. Funções. Significados. Sem nada estabelecido, fica tudo mais difícil. Caminha-se no nada, no oco criativo. Se não se é forte, logo se volta à superfície ou desce-se ao chão. Agarro-me à rotina, aos deveres e obrigações. Perdi o fôlego que se necessita pra se olhar a fundo. Até meus sonhos parecem inautênticos: são recortes de memórias, nada novo trazido do inconsciente. Ainda relaciono física quântica e religiões orientais a conceitos nas aulas de “teoria crítica”. Relaciono tao à dialética. Infrutífero. Se pudesse, com essa nova tecnologia, apagava suas memórias. Das minhas, eu tenho certo controle. Não queria ser um colo quente, não queria ser mais que uma dura rua anônima.
Desperdicei com esse fluxo de consciência mal escrito conteúdo que talvez rendesse um livro. Bem, escrevi. Não me pergunte.
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Nenhum comentário:
Postar um comentário